sobre o prolongamento da vida e a morte domiciliar
Lembro de filmes em que o pai morre em uma cama quente e antiga, de entalhes trabalhados, segurando a mão de sua amada e rodeado de filhos enquanto recebe a extrema unção. Também lembro da morte de minha avó, na UTI de paredes brancas – não vi, mas assim imagino – em uma cama branca com fios por todos os lados, agulhas espetadas e uma enfermeira tentando salvá-la de seu mal, decorrente dos anos de cigarro, através de uma traqueostomia – pouparei-os de alguns detalhes que me foram revelados, embrulham o estômago, os curiosos perguntem.
Sinceramente, não tenho dúvidas que o primeiro quadro me agrada mais – ou me desagrada menos.
Hoje presentearei meus poucos leitores com um poema desagradável. Qualquer coisa leiam o poema anterior, ele é bem mais consolador e igualmente verdadeiro.
Renan Ramalho
17.o6.09
Gente estranha em leito frio
Gente fria em leito estranho
Agulha, soro lento e frio
Sopa, água e leite frio
Soro, maca eletrodo e fio
Pulso fraco, sopa rala
Sopro fraco esfria o caldo
Fôlego ralo
Por um fio
Visita
Mão quente em leito frio
Medo, morte, leito frio
Mão amiga, leito estranho
Morte amiga
Consolo
imagen tirada do blog "http://chargesprotestantes.blogspot.com/"
Renan Ramalho
09.05.09
5 comentários:
Duro, frio, e nao menos verdadeiro.
abraços
Ei Renan, deixe disso... Quando esse homi, ficar famoso... Lembre dos amigos, aqui, Ok?
Que forte, viu?!
Mas bem verdadeiro!!
ps.: Concordo com Felipe, não esquece dos amigos quando ficar famoso!! Quero livro autografado! rsrs
Mas como retirar de todo o olho sensível de sobre a vida?... Em todo caso, olhe em todas as direções....Sucesso!
Que intenso... me faz lembrar o motivo que me despertou a vontade de trabalhar em um hospital, que foi o mesmo que me fez mudar de ideia.
...
você vai longe...
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