segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Retrovisor


Um dia me disseram, de maneira simples,

mas sabiamente, que o passado é como um

retrovisor. Se olhamos pra ele, batemos de cara.

Se não olhamos, cometemos barbeiragens.



Tão perto,

ansiedade.

Agora,

a vontade.

Longe,

A saudade.


O homem,

o tempo

Desalento dos dias

Descanso das noites


Passado

repassado antes de cada sono

Relembrado

O velho, ressofrido

Uma nova insônia


Recorrido

Lampejos de sabedoria

Retrovisor


O primeiro beijo açucarado

A primeira lágrima rolada

Repaginada

Reformulada em sonetos fiéis


Reinventado

Reduzido

Imaginado

Memória

Renan Ramalho

29.09.08


segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Luz, câmera, cotidiano

"Todo dia eu só penso
Em poder parar Meio-dia eu só penso
Em dizer não
Depois penso na vidaPrá levar
E me calo com a bocaDe feijão..."

Chico Buarque


No canto do quarto, na frente da tela
Tic tac denuncia o tempo imperioso
Mais uma noite, mais um fim de dia
Tic tac e nada se fez

Mais uma madrugada, mais um descanso
Amanhã

Um dia outra vez

Novamente o mundo à espera

Os olhares à espreita

Um dia ocupando a vista
Dores ocupando corações rotineiros

Mais um dia para ganhar a vida
Perder a alma
A paciência


Um dia educado
Comportado
Comprimido
Oprimido


Luz, câmera, ação!

Mascaras do cotidiano
Os sorrisos de balconistas
Os tapas educados
As conveniências
A ausência de sentido, de fé, de verdade...

Disso se alimenta a cidade
Produção
Movimento
Aumento
Descontento
Desalento
Novamente solidão


LUZ!
No escuro se é verdadeiro
O que resta alem das coisas casuais?


CÂMERA!

Longe dos olhos se é por si mesmo
O que resta alem das honras, das pompas, dos egos...


ACÃO!

No silencio se pensa

Dispensa qualquer mascara de conveniência
Vê quem se é

Se gosta?


Novamente solidão.
Tantas cartas
Somente um curinga.


Renan Ramalho 01.09.08